Pretas, pardas, jovens, mães, com baixa escolaridade e condenadas por tráfico de drogas. Este é o perfil predominante das mulheres encarceradas no Brasil, segundo a pesquisadora e antropóloga Débora Diniz, do Anis Instituto de Bioética, autora do livro “Cadeia: relatos sobre mulheres”.
Após uma pesquisa realizada durante seis meses na Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF), Débora verificou que o tráfico de drogas é a principal porta de entrada das mulheres para o crime. Em geral, depois que seus companheiros, maridos, irmãos ou pais também entraram nesse mundo.
O aumento do número de mulheres presas no Brasil nos últimos 12 anos chama a atenção: 256 por cento, quase o dobro em relação aos homens (130 por cento), segundo dados recentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Elas somam, aproximadamente, 36 mil presas, representando cerca de sete por cento de toda a população carcerária brasileira. Apesar disso, ainda há dificuldade em se reconhecer e lidar com as diferentes formas de violência contra as mulheres nessas condições.
De acordo com a antropóloga, o presídio não foi uma instituição pensada para as mulheres. Ou seja, tudo aquilo que nós sabemos sobre os homens, elas estão em pior situação do que eles.
Segundo Débora Diniz, o principal desafio é nomear os abusos e as violências como violência, pois essas mulheres normalmente possuem uma vida marcada por violações de direitos. (pulsar/adital)