Estudo feito pela ONG SOS Mata Atlântica em 220 cursos de água da bacia da Mata Atlântica revela que 53 rios estão tão poluídos que nenhum uso de suas águas pode ser feito. Dos 278 pontos de análise, 207 (74,5 por cento) apresentam qualidade da água regular. Em 49 pontos (17,6 por cento) a qualidade é ruim e em quatro (1,4 por cento), péssima. Somente 18 pontos (6,5 por cento) apresentaram água considerada de boa qualidade.
“Os nossos rios estão por um triz”, destaca o biólogo e educador ambiental da ONG, César Pegoraro. Segundo o documento, todos os rios analisados correm perigo, seja pelo risco de desastres como os da Vale, seja por maus usos da água no dia a dia, decorrentes da falta de saneamento, pela ocupação desordenada do solo nas cidades, pela derrubada de florestas e matas ciliares que protegem os rios e nascentes e pelo uso indiscriminado de agrotóxicos. O biólogo também ressaltou que a poluição afeta a biodiversidade, levando à morte de animais e plantas, e transforma a água, de essencial à vida, em vetor de graves doenças.
“O maior causador de mortes e doenças no Brasil atualmente é a água poluída. Temos falado muito de dengue, hepatite, diarreia. Mas também ocorrem doenças que vão se desenvolvendo ao longo do tempo, como insuficiência renal e problemas neurológicos, causados pelo consumo de água contaminada durante a vida. É preciso mudar a relação das pessoas com o meio ambiente e os cursos d’água e também pressionar o poder público para que aja de forma comprometida com o meio ambiente”, afirmou Pegoraro.
Segundo o biólogo, é preciso fortalecer os investimentos em recomposição de matas ciliares, preservação de nascentes e margens, evitar a intensa ocupação de áreas próximas a rios e córregos e ampliar o saneamento básico, sobretudo na coleta e tratamento de esgotos.
O estudo foi feito em 103 municípios dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Sergipe, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e no Distrito Federal.
Entre os grandes rios analisados estão o Tietê, em São Paulo, e o Iguaçu, no Paraná, que estão em condição de regular a péssima. A lista completa de rios traz ainda Manguaba, Pojuca, das Pedras, Preto, Mimoso, da Parta, Restinga, entre outros. (pulsar/rba)