Com a expectativa do leilão da usina hidrelétrica São Luiz do Tapajós, no sul do Pará, os indígenas Munduruku iniciaram um processo de autodemarcação do seu território. A ação acontece devido ao empreendimento que poderá afetar diretamente os índios alagando aldeias, florestas e cemitérios.
O povo Munduruku do Médio Tapajós, que abrange os municípios de Itaituba e Trairão, iniciou a autodemarcação no final da semana passada. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), foram organizadas duas frentes de trabalho com 60 guerreiros, que já abriram cinco quilômetros de valas no entorno.
De acordo com Haroldo Espírito Santo, integrante do Cimi, foi uma decisão política diante de uma situação que não deixou outra saída. O procedimento de demarcação do território se arrasta há 13 anos e no ano passado foi paralisado.
Na última quinta-feira (30) venceu o prazo dado pela Justiça Federal para que a Fundação Nacional do Índio (Funai) apreciasse e publicasse o Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da Terra Indígena Sawré Muybu. O relatório está pronto desde 2013 e é etapa fundamental do processo de demarcação. O juiz Rafael Leite Paulo, da Vara Federal de Itaituba, determinou que a Funai se manifeste acerca da aprovação ou não do Relatório no prazo máximo de 15 dias. Dentro deste mesmo período, caso o relatório seja aprovado, o resumo de seu teor deve ser publicado no Diário Oficial da União. (pulsar/cimi)