A Cúpula dos Povos dedicada a debater alternativas políticas, econômicas e sociais ao G20 terminou na última sexta-feira (30) com uma grande marcha pelas principais ruas de Buenos Aires, na Argentina. Milhares de pessoas lotaram as Avenidas de Maio e Nove de Julho para denunciar os impactos sociais causados pelos acordos travados pela cúpula das maiores potências do mundo.
O protesto foi um encontro geracional de militantes pelos direitos humanos. Nora Cortiñas, fundadora das Mães da Praça de Maio Linha Fundadora, aos 88 anos, estava segurando a faixa principal do ato junto com outros representantes de movimentos sociais e sindicais. Para Cortiñas, a marcha teve como objetivo dar o recado de que a população quer ter uma vida digna. A ativista também destacou a forte presença das forças de segurança durante a marcha. Segundo ela, não é possível colocar em prática a política que gera desigualdade sem a repressão.
O Brasil também esteve presente no ato. Lana de Holanda é transfeminista e ex-assessora de Marielle Franco. Lana destacou a pluralidade étnico-racial da manifestação como sendo um dos trunfos do encontro.
Já Paulo Neves, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), ressaltou a importância da unidade neste momento para conter o avanço neoliberal representado por Jair Bolsonaro no Brasil.
Durante a marcha, os manifestantes gritaram palavras de ordem contra os ajustes fiscais impostos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela política recessiva e austera do governo de Maurício Macri, presidente da Argentina, que tem sido responsável por arrochos e precarização nas relações de trabalho.
A “Cúpula dos Povos Fora G20 e FMI” contou com uma série de debates e fóruns sobre os principais problemas socioeconômicos deflagrados pela política neoliberal. As atividades ocorreram na Universidade de Buenos Aires (UBA) e na Praça do Congresso. O evento deixou como saldo a unidade e a solidariedade entre os países como principais instrumentos para fazer frente ao avanço da extrema-direita.
O G20 completou dez anos em 2018. A cúpula, criada para restabelecer a economia mundial após o colapso financeiro de 2008, aumentou a desigualdade social e os índices de desastres climáticos no globo. O encontro dos líderes na Argentina entre sexta-feira (30) e sábado (1) foi marcado pela tensão na guerra comercial entre Estados Unidos e China e pelo reconhecimento do fracasso do multilateralismo. (pulsar)