Uma operação conjunta resgatou aproximadamente 900 trabalhadores, segundo estimativa da Polícia Federal, em 15 municípios de três estados (Bahia, Minas Gerais e São Paulo). O número ainda é preliminar. A operação foi batizada de Canaã – A Colheita Final porque eles teriam sido aliciados por uma comunidade evangélica e levados para trabalhar em lavouras e estabelecimentos comerciais. De acordo com o Ministério do Trabalho, 22 pessoas foram presas.
O Ministério disse que os trabalhadores teriam sido abordados na sede da igreja – conhecida como "Comunidade Evangélica Jesus, a verdade que marca" – na capital paulistana, onde teriam sido convencidos a doar os bens para as associações controladas pela organização e convencidos a mudar-se para uma comunidade, onde todos os bens móveis e imóveis seriam compartilhados.
Ainda de acordo com as autoridades, essas pessoas foram levadas para zonas rurais e urbanas em Minas (Contagem, Caxambu, Betim, Andrelândia, Minduri, Madre de Deus, São Vicente de Minas, Pouso Alegre e Poços de Caldas), e na Bahia (Ibotirama, Luiz Eduardo Magalhães, Wanderley e Barra), enquanto algumas permaneceram na capital paulista. O Ministério do Trabalho informou que os aliciados trabalhavam em lavouras e em estabelecimentos comerciais como oficinas mecânicas, postos de gasolina, pastelarias, confecções e restaurantes, todos comandados pelos líderes da seita.
A operação envolveu 58 auditores-fiscais e 220 policiais federais. Essa força-tarefa cumpriu 22 mandados de prisão preventiva, 17 de interdição de estabelecimento comercial e 42 de busca e apreensão. Segundo o chefe do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do ministério, Maurício Krepsky Fagundes, o operação foi resultado de investigação conduzida pela PF, que apurava o "crescimento do patrimônio pessoal dos líderes da seita e o aumento dos fiéis agregados nos últimos cinco anos".
A chamada Operação Canaã começou em 2013, quando 348 trabalhadores foram resgatados na União Agropecuária Novo Horizonte e em empresas urbanas.
O Ministério disse que o relatório dessa ação fiscal gerou uma ação penal do Ministério Público Federal (MPF), que determinou o retorno dos auditores-fiscais e dos agentes da PF aos locais investigados para averiguar a situação atual. Na Polícia Federal, a investigação teve início quando a seita estava migrando de São Paulo para Minas Gerais. Em 2015, foi desencadeada sua segunda fase: De volta para Canaã, quando foram presos temporariamente cinco dos líderes da seita. O líder, conhecido como Pastor Cícero, está foragido. (pulsar/rba)