O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) realiza nesta terça-feira (31) uma marcha de 23 quilômetros entre a ocupação Povo Sem Medo, montada em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, no Morumbi, bairro da zona oeste da capital. A intenção do MTST é pressionar o governador Geraldo Alckmin (PSDB), chamar atenção para o caso da ocupação Povo Sem Medo e pedir a construção de moradias populares no local.
O acampamento, inaugurado no dia 2 de setembro, reuniu em duas semanas sete mil famílias e hoje teria oito mil segundo o MTST, sendo a maior ocupação do País, ao lado da Vila Nova Palestina, na zona sul de São Paulo. No acampamento há milhares de trabalhadores desempregados, muitos dos quais perderam suas fontes de renda na crise que afeta o Brasil há quase três anos e, com elas, a capacidade de pagar um aluguel.
O terreno em São Bernardo, espremido entre uma fábrica de caminhões e um condomínio residencial, pertence à construtora MZM e está desocupado há 30 anos. Em 2014, a Prefeitura de São Bernardo notificou a empresa pelo não cumprimento da função social da propriedade e exigiu um plano de parcelamento da terra ou de edificações, o que jamais aconteceu.
A reação da construtora à ocupação foi bem rápida e contou com rara celeridade da Justiça. Poucas horas depois do início da ocupação, a MZM ingressou com um pedido de reintegração de posse no plantão judicial da cidade e conseguiu do juiz Fernando de Oliveira Ladeira uma liminar autorizando a Polícia Militar a executar ordem de despejo.
Em 2 de outubro, o Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo manteve a liminar, mas determinou que a reintegração não seja feita de forma imediata. O TJ determinou que ocorra uma intervenção do Grupo de Apoio às Ordens Judiciais de Reintegração de Posse (Gaorp), criado em 2014 para mediar conflitos em casos de ocupações.
Na última segunda-feira (30), o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), embargou a apresentação de Caetano Veloso que estava programada para ocorrer na ocupação Povo Sem Medo. A Polícia Militar impediu a entrada de equipamentos. Mais tarde, a juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda Pública de São Bernardo do Campo, proibiu uma apresentação. Ela atendeu um pedido do Ministério Público Estadual. A juíza ainda determinou uma multa de 500 mil reais caso a ordem fosse descumprida.
Caetano afirmou que é a primeira vez que ele é impedido de cantar no período democrático. (pulsar)
*Com informações da Carta Capital e Brasil de Fato