A Assembleia Geral das Nações Unidas voltou a pedir o fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba em resolução aprovada nesta quarta-feira (26), sem votos contrários. Pela primeira vez em 25 anos, Washington se absteve de votar. O texto promovido pelo governo cubano recebeu 191 votos a favor e 2 abstenções, dos EUA e Israel, únicos países que votaram contra a resolução em 2015.
A mudança de postura por parte dos norte-americanos segue os apelos do presidente dos EUA, Barack Obama, que, desde o início do processo de reaproximação com Cuba, em dezembro de 2014, tem adotado medidas para atenuar o embargo econômico imposto à ilha em 1962. A suspensão total do embargo, porém, depende do Congresso, atualmente controlado por maioria republicana.
Samantha Power, embaixadora americana na ONU, disse, ao anunciar a abstenção, que a resolução é um exemplo perfeito de por que a política americana de isolar Cuba não estava funcionando. Segundo Power, em vez de isolar Cuba, a política adotada isolava os EUA. O discurso foi recebido com muitos aplausos das delegações.
De acordo com ela, a abstenção do voto “não significa que os Estados Unidos estão de acordo com todas as políticas e práticas do governo cubano”. Nesse sentido, a embaixadora reiterou que Washington continua preocupado com as “graves violações dos direitos humanos” cometidas pelas autoridades cubanas contra seu próprio povo, como as prisões arbitrárias de opositores, afirmou a embaixadora.
Por sua vez, o ministro cubano do Exterior, Bruno Rodríguez, classificou a abstenção americana como “um passo positivo”, mas lamentou que o embargo ainda seja uma realidade. Rodríguez destacou que é necessário julgar os fatos. Segundo ele, mais importante do que as declarações na imprensa é a desmontagem do bloqueio .
O texto aprovado pela Assembleia Geral da ONU reconhece a “vontade reiterada” de Obama de “trabalhar em prol da eliminação do bloqueio econômico, comercial e financeiro” com Cuba e classifica como “positivas” as medidas aprovadas recentemente para aliviar o embargo. A resolução defende, porém, que essas ações “têm um alcance limitado” e pede a derrubada total do embargo. (pulsar/ dw)