As políticas sociais de combate à pobreza nos países da América Latina já dão sinais de esgotamento, ou de incapacidade para expandir o número de pessoas beneficiadas. Com o título Panorama Social da América Latina 2014, um estudo divulgado na última segunda-feira (26) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) mostra que a pobreza afetou no ano passado 28 por cento da população do continente, conforme projeções da entidade, repetindo o desempenho de 2012 e 2013.
Além disso, outro fator preocupante revelado pelo estudo é o crescimento da pobreza extrema, que subiu de 11,7 para 12 por cento no ano passado, depois de ter atingido o menor nível, 11,3 por cento, em 2012. De acordo com o documento, a pobreza persiste como um fenômeno estrutural que caracteriza a sociedade latino-americana. O estudo foi feito para dar subsídios aos governos do continente em relação aos investimentos sociais, principalmente em três âmbitos: juventude e desenvolvimento, desigualdade de gênero no mercado de trabalho e segregação residencial urbana.
A taxa de 12 por cento em extrema pobreza significa um contingente estimado de 71 milhões dentro de um universo de 167 milhões de pessoas em situação de pobreza. Segundo Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, a recuperação da crise financeira internacional não parece ter sido aproveitada suficientemente para o fortalecimento de políticas de proteção social que diminuam a vulnerabilidade diante dos ciclos econômicos. Agora, em um cenário de possível redução dos recursos fiscais disponíveis, são necessários maiores esforços para assegurar tais políticas, gerando bases sólidas com a finalidade de cumprir os compromissos da agenda de desenvolvimento pós-2015.
Apesar da falta de progressos na média regional, cinco dos 12 países com informação disponível em 2013 registraram reduções da pobreza segundo os rendimentos superiores a um ponto percentual por ano. Os países que apresentaram maiores quedas foram: Paraguai, seguido por El Salvador, Colômbia, Peru e Chile. O Brasil aparece no relatório com 18 por cento de população pobre em 2013, e 5,9 por cento em pobreza extrema, número que no ano anterior era de 5,4 por cento. Apesar do aumento do contingente em pobreza extrema, a população em situação de pobreza caiu um pouco em relação a 2012, quando esse total era de 18,6 por cento da população. (pulsar/rba)