Uma das maiores empresas de doces da Alemanha é acusada de explorar mão de obra em condição análoga à escravidão no Brasil. A marca Haribo está presente nas prateleiras de todo o mundo. E, segundo o documentário Markencheck, proporciona péssimas condições de trabalho às pessoas e pratica maus tratos aos animais na produção de gelatina para seus produtos.
A matéria-prima explorada em terras brasileiras é a cera de carnaúba, produzida nos estados do Piauí, Ceará, Maranhão, Bahia e Rio Grande do Norte, extraída de palmeiras. O documentário foi produzido pela empresa pública de comunicação alemã ARD. O escândalo tomou as páginas dos maiores periódicos do país europeu, incluindo o Deutsch Welle (DW), que destaca a exploração de “uma das regiões mais pobres do Brasil”.
Entre os principais mercados consumidores, além da Alemanha, estão Estados Unidos e Japão. O documentário classifica a condição dos trabalhadores como escravos contemporâneos. As condições relatadas incluem menores de 18 anos, sem acesso a banheiros, forçados a dormir ao relento, ou em caminhões, próximos às plantações, hidratação com água imprópria e ferramentas de trabalho em más condições.
Na contramão do enfrentamento ao problema, o governo de Michel Temer (PMDB) vem adotando medidas para afrouxar o conceito de trabalho escravo no Brasil. Seria uma forma de agradar grandes proprietários de terras e monoculturas e suas bancadas no Congresso Nacional, em troca de apoio para permanecer no cargo.
De acordo com a economista Lena Rohrbach, da Anistia Internacional, é de responsabilidade tanto da empresa quanto do governo alemão a reparação dos danos causados no Brasil.
Outro ponto central do documentário de 45 minutos é a exploração cruel de porcos em fazendas no norte da Alemanha. As peles dos animais são utilizadas na produção da gelatina das balas de goma da marca Haribo. Entre os problemas encontrados por ambientalistas estão porcos feridos, confinados em meio aos excrementes, moscas, vermes e até mesmo, outros porcos mortos. Segundo veterinários as leis de proteção aos animais alemãs são violadas fortemente nas criações.
“Chega a ser cínico que um produto que é, em parte, fabricado sob condições tão cruéis para os animais receba a forma de um animal simpático”, afirma a organização Tierretter, responsável por capturar as imagens de forma clandestina, sobre o tradicional formato de urso dos doces da marca Haribo.
A empresa alega não saber dessas violações, e que vai abordar o tema com seus fornecedores de forma “proativa”. Entre os fornecedores estão a Gelita e a Westfleisch, que se defenderam exclusivamente sobre a questão dos porcos. (pulsar/rba)