Estudo realizado pelo economista norte-americano Siddharth Kara, da Universidade de Harvard, aponta que a escravidão é muito mais rentável hoje do que era nos séculos 18 e 19, quando a escravização de pessoas africanas era a base da produção em colônias europeias no sul do mundo. De acordo com Kara, hoje traficantes de escravos lucram entre 25 e 30 vezes mais do que aqueles dos séculos passados.
O jornal britânico The Guardian publicou na última segunda-feira (31) dados de “Modern Slavery” (“Escravidão moderna”), livro do economista que será lançado nos Estados Unidos em outubro. Sua pesquisa concluiu que a média anual do lucro gerado por um escravo a seu explorador chega a quase quatro mil dólares, o equivalente a mais de 12 mil reais.
Já a escravidão humana para fins sexuais gera quase dez vezes esse valor: os lucros com a exploração sexual de pessoas podem chegar a 36 mil dólares, ou mais de 112 mil reais ao ano. O economista estima que o lucro total anual aferido por exploradores de pessoas com a escravidão moderna chegue a 150 bilhões de dólares, ou 467 bilhões de reais.
De acordo com os dados levantados por Kara, o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual representa 50 por cento de todo o lucro gerado pela escravidão moderna, apesar das vítimas de escravidão sexual serem apenas cinco por cento de todas as pessoas escravizadas atualmente.
O economista baseou sua pesquisa em dados de 51 países em um período de 15 anos e entrevistou mais de cinco mil pessoas que foram vítimas da escravidão moderna.
Especialistas estimam que cerca de 13 milhões de pessoas foram sequestradas na África e vendidas como escravas nas Américas por traficantes profissionais entre os séculos 15 e 19. Hoje, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) estima que pelo menos 21 milhões de pessoas no mundo são exploradas em alguma forma de escravidão moderna. (pulsar/opera mundi)