A abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI) ocorreu na última sexta-feria (23) na Vila onde estão sendo realizadas as provas. A cerimônia foi fechada para 5 mil convidados e contou com a apresentação de cânticos e danças das 24 etnias participantes.
Durante ao discurso de abertura Marcos Terena, do Comitê Intertribal, apresentou as autoridades presentes: Ministro do Esporte, George Hilton; prefeito de Palmas, Carlos Amastha; governador do estado de Tocantins, Marcelo Miranda e a presidenta da República, Dilma Rousseff. Embora estivesse presente na tribuna, a Ministra da Agricultura e Abastecimento, Kátia Abreu, não foi citada.
Habitualmente vaiada em eventos públicos, a presidenta foi aplaudida ao som de ‘olê, olê, olá, Dilma.’ Após o forte aplauso, uma parte dos presentes manifestou descontentamento com a presença de Dilma que não fez nenhuma fala durante a cerimônia.
Houve protesto dentro da Arena. Uma liderança Xavante que estava na tribuna de honra criticou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 e denunciou o genocídio do povo Guarani Kaiowá no Mato Grosso. Neste momento, indígenas que estavam na plateia levantaram cartazes contra a PEC 215 e em defesa da demarcação das terras.
A passagem de Dilma pelo Tocantins não ocorreu exclusivamente por causa da abertura dos JMPI. Por trás do real pano de fundo da presença da presidenta no estado de Tocantins está o projeto de modernização agrícola conhecido por Matopiba, que abrange o Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Com uma extensão de 73 milhões de hectares no bioma do Cerrado, o projeto está localizado numa macrorregião estratégica para o latifúndio e o agronegócio brasileiro.
A ironia da presença da presidenta num evento que visa enaltecer a cultura indígena foi grande, já que o projeto do Matopiba irá afetar diretamente 28 terras indígenas, 42 unidades de conservação, 865 assentamentos e 34 quilombos. (pulsar)