A ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou nesta terça-feira (19) seu relatório mundial sobre o desenvolvimento dos recursos hídricos, que destacou que mais de dois bilhões de pessoas não têm acesso a uma fonte adequada de água potável e que um número ainda maior, mais de quatro bilhões, não têm saneamento básico.
“Melhorar a gestão dos recursos hídricos e fornecer a todos o acesso a água potável e saneamento seguros e acessíveis financeiramente são ações essenciais para erradicar a pobreza, construir sociedades pacíficas e prósperas e garantir que ‘ninguém seja deixado para trás’ no caminho rumo ao desenvolvimento sustentável”, afirma o texto divulgado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e intitulado Não deixar ninguém para trás.
De acordo com o documento, estudos internacionais mostram bons retornos sociais e econômicos de investimentos em serviços de água, saneamento e higiene.
O relatório alerta que um futuro de crescente escassez é previsível, o que trará efeitos negativos para a economia global. Até o ano 2050, 45 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) global e 40 por cento da produção mundial de grãos serão ameaçados por danos ambientais e falta de recursos hídricos.
O uso de água tem aumentado cerca de um por cento ao ano em todo o mundo. A taxa deve se manter estável até 2050, quando a demanda representará um acréscimo entre 20 e 30 por cento em comparação aos níveis atuais, puxada pelos setores industrial e doméstico. Hoje mais da metade da população mundial não tem acesso a água limpa e saneamento.
O título do relatório da Unesco se refere a um aspecto chave do levantamento: a desigualdade do acesso. Pessoas que são pobres ou sofrem discriminação social têm maior probabilidade de ter acesso limitado a água e saneamento adequados, observou o relatório.
Segundo o editor-chefe do relatório, Rick Connor, casas urbanas ricas com água encanada tendem a pagar muito menos por litro de água, enquanto pessoas pobres que moram em favelas muitas vezes precisam comprar água de caminhões, quiosques e outros fornecedores, gastando cerca de 10 a 20 vezes mais. (pulsar/opera mundi)