Dados do Ministério da Saúde apontam que os casos de estupro coletivo mais que dobraram nos últimos cinco anos, saltando de mil 570 casos, em 2011, para três mil 526, no ano passado, uma média de dez casos por dia, em todo o país. Acre, Tocantins e Distrito Federal lideram as taxas de estupro coletivo.
Para especialistas, esses casos de violência são estimulados pela falta de investigação e punição aos agressores. Para muitas mulheres, trata-se de um “crime de poder”, em que o objetivo do agressor é subjugar o corpo da mulher.
A socióloga e assessora da USP (Universidade de São Paulo) Mulheres, Wânia Pasinato, destaca que, em muitos casos, os agressores filmam e divulgam as cenas do crime cometido como uma espécie de troféu.
A presidenta da ONG Arthemis, Raquel Marques, que atua no combate à violência contra a mulher, afirma que a mídia colabora ao representar o corpo feminino como um objeto de posse. Outro fator que colabora, segundo ela, é a difusão da pornografia, em especial as que retratam relações sexuais ocorridas contra a vontade da mulher.
Apesar do número já alarmante dos estupros coletivos, eles abrangem apenas uma pequena parte do problema. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apenas dez por cento dos casos de estupro no Brasil são notificados. São 50 mil ocorrências registradas por ano, em delegacias e hospitais. A estimativa é de que outros 450 mil casos, anualmente, não chegam ao conhecimento das autoridades. (pulsar/rba)