Cerca de 200 indígenas de vários povos estão acampados em frente à sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), no centro da cidade de Tefé, no Amazonas, em protesto contra as precárias condições no atendimento á saúde e pela exoneração do Coordenador local do Dsei, Narciso Cardoso Barbosa. Várias malocas foram construídas em frente ao prédio do órgão e as lideranças indígenas dizem que só sairão dali quando suas reivindicações forem atendidas.
Segundo os indígenas, a atenção à saúde se encontra em situação precária. Eles denunciam nepotismo no Dsei, desvio de função de profissionais, funcionários fantasmas que recebem diárias sem trabalhar, falta de transporte e infraestrutura nos polos base localizados em aldeias de 14 municípios do Médio Solimões e afluentes. Para Mariano Kambeba, um dos organizadores do movimento e representante da União dos povos Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (Unipi/MAS), faltam recursos para compra de medicamentos e investimento para equipar os polos base que dão assistência às aldeias.
O coordenador do Dsei do Médio Solimões, Narciso Cardoso Barbosa, é apontado pelos indígenas como responsável pela situação precária em que se encontra o atendimento às aldeias. Eles dizem que faltam transparência na aplicação dos recursos e comunicação com os conselheiros locais de saúde. As lideranças do movimento já comunicaram o caso ao coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) em Brasília, Antônio Alves, de quem aguardam um posicionamento em relação à exigência de exoneração de Narciso Cardoso.
A mobilização dos indígenas começou no dia 19, com a realização de passeatas pelas ruas de Tefé. Durante todos os dias eles mantiveram contato e entregaram vários documentos ao procurador da República Eliabe Soares da Silva. O representante do MPF disse aos indígenas que no prazo de dez a vinte dias o órgão poderá se manifestar sobre o teor das denúncias.
Mariano Kambeba diz que a maior preocupação das comunidades é com o aumento de algumas doenças comuns nessa época do ano, como malária e verminoses. Na manifestação em Tefé participam indígenas Kambeba, Kokama, Kaixana, Tikuna. Miranha e Kanamari. O Dsei do Médio Solimões e Afluentes é responsável pelo atendimento a cerca de 20 mil indígenas em 14 municípios. (pulsar/ cimi)