De cada 100 mulheres que dão à luz em hospitais particulares no Brasil, 88 são submetidas a cesarianas. A proporção é bem maior do que a média nacional de partos cirúrgicos, de 52. Segundo a pesquisa Nascer no Brasil, divulgada na última quinta-feira (29) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a média brasileira é a maior do mundo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que somente 15 dos nascimentos ocorram por procedimento cirúrgico – percentual no qual devem estar incluídas intercorrências que podem colocar em risco a vida da mãe ou do bebê.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Maria do Carmo Leal, o dado é preocupante porque a cesariana é prejudicial para mãe e para o filho. A exposição de ambos aos riscos inerentes a toda cirurgia, como problemas com a anestesia e infecções, antecipa o nascimento do bebê, interferindo no seu desenvolvimento e ganho de peso. Além disso, estudos associam o parto natural a benefícios para a saúde da criança no futuro, como menor propensão a diabetes, asma, alergias e outras doenças não transmissíveis.
Preocupa também os pesquisadores o fato de 70 das gestantes preferir o parto normal, mas serem desestimuladas ao longo do pré-natal. Na rede particular, segundo as entrevistadas, apenas 15 receberam apoio dos médicos quanto à escolha. As 30 que optam pela cesariana desde o início da gestação o fazem com medo de sentir muita dor no momento de um parto normal. (pulsar/rba)