Lavar roupa, preparar as refeições, pagar as contas, ir ao supermercado, levar as crianças à escola. Esses são alguns dos trabalhos realizados para a manutenção de uma casa e que, invariavelmente, são invisibilizados pela sociedade. Em 85 por cento dos casos, essas tarefas são realizadas por mulheres, reflexo da sociedade machista e patriarcal em que vivemos.
Dos 20 aos 85 anos, as brasileiras passam cerca de quatro horas por dia realizando tarefas domésticas. No entanto, apesar de não ser valorizado e nem remunerado, o trabalho doméstico tem papel fundamental para a economia do país e gera riqueza para todos os membros da sociedade.
É o que afirma a demógrafa e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Jordana Cristina de Jesus, autora da tese de doutorado “Trabalho doméstico não remunerado no Brasil: uma análise de produção, consumo e transferência”. O levantamento foi realizado com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD.
De acordo com Jordana, “Quando a gente olha para a carga enorme de trabalho doméstico que as mulheres fazem, isso significa que elas estão fazendo para os outros. Isso que é a transferência do tempo de trabalho. Todos, homens e mulheres, consomem em média uma hora de trabalho doméstico por dia. Mas as mulheres passam cinco horas do seu dia realizando essas tarefas. Ou seja, há um saldo do que é produzido por elas. Na contramão, os homens não fazem trabalho doméstico para ninguém. O que eles produzem, quando produzem, atende somente seu próprio consumo.” (pulsar/brasil de fato)