A viabilidade econômica do complexo hidrelétrico do Tapajós, maior aposta energética do governo brasileiro para os próximos dez anos, é colocada em xeque por um estudo paralelo dos seus impactos socioambientais. Recém-concluído, o diagnóstico leva a chancela de 20 pesquisadores e surge em um momento crucial do licenciamento da usina de São Luiz do Tapajós, primeiro e mais importante projeto do complexo.
Mesmo no cenário “mais otimista” projetado pelo estudo, as hidrelétricas teriam grande dificuldade para se viabilizar financeiramente e seus empreendedores podem arcar com um prejuízo de mais de um bilhão de dólares.
Para os pesquisadores, a simulação “mais realista” indica uma extrapolação de custos e um potencial de déficit bem mais preocupante, que alcançaria quase 10 bilhões de dólares. A diferença entre as duas projeções está no tempo das obras (cinco ou sete anos), no preço do megawatt-hora fixado para o leilão e no volume de energia negociado no mercado livre.
Além dos custos normalmente associados à construção de hidrelétricas, o relatório “Tapajós – Hidrelétricas, Infraestrutura e Caos” leva em conta também “externalidades socioambientais”, que não foram contempladas no Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) apresentado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A análise contempla, por exemplo, a necessidade de expansão da infraestrutura local para abrigar até 45 mil trabalhadores durante as obras. (pulsar/combate racismo ambiental)