Mais de oito mil crianças foram mortas ou mutiladas em situações de conflito armado no ano passado, de acordo com novo relatório do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, divulgado na última quinta-feira (5), em Nova Iorque. O relatório anual detalhou agressões, contínua disseminação do recrutamento e uso de crianças em conflitos armados, violência sexual e ataques contra escolas e hospitais.
Meninos e meninas afetados por conflitos armados foram vítimas de violações disseminadas em 2016, de acordo com o relatório anual. Crianças de países como Afeganistão, República Democrática do Congo, Iraque, Somália, Sudão do Sul, Síria e Iêmen, sofrem um nível alarmante de violações cometidas pelas partes em conflito, com ao menos quatro mil violações cometidas por forças governamentais e mais de 11 mil e 500 por grupos armados não estatais nos 20 países analisados pelo relatório.
Somente na Síria, o número de crianças recrutadas durante o período analisado mais do que dobrou na comparação com 2015, com 851 casos verificados. Na Somália, esse número atingiu mil 915 crianças recrutadas. O Afeganistão registrou o maior número de mortes de crianças desde que a ONU começou a documentar mortes civis, em 2009, com três mil 512 crianças assassinadas ou mutiladas em 2016, um aumento de 24 por cento na comparação com o ano anterior.
Táticas utilizadas por grupos armados como Al-Shabaab, Boko Haram, ISIL e Talibã incluíram violência sexual e o uso de crianças como bombas humanas. Na Nigéria, a maior parte das mortes de crianças foi provocada pelo uso delas como bombas humanas e por ataques-suicidas.
O bloqueio do acesso humanitário promovido por grupos armados e forças governamentais foi uma perturbadora tendência registrada pelo relatório, com consequências devastadoras para as crianças. Ataques contra escolas e hospitais também foram amplamente documentados em 2016, ocorrendo em quase todos os países analisados no documento e privando milhares de crianças de seu direito à educação.
No Iêmen, ao menos mil e 300 crianças foram mortas ou mutiladas, mesma quantidade registrada na Síria.
A prisão de crianças por forças governamentais ou grupos armados também foi disseminada durante o período analisado em países como Afeganistão, República Democrática do Congo, Iraque, Israel e Estado da Palestina, Líbia, Nigéria e Somália. O documento enfatizou que crianças devem ser primariamente tratadas como vítimas, não como perpetuadoras de crimes, e que os padrões da Justiça internacional juvenil devem ser adotados. (pulsar/onu)