O agravamento dos conflitos em países da África e da violência sexual como arma de guerra mudou o perfil dos refugiados no Rio de Janeiro. Antes composto majoritariamente por homens, o contingente de pessoas que buscam refúgio no estado tem hoje metade de mulheres entre os solicitantes. A informação consta do relatório divulgado na terça-feira (19) pela Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro com o perfil dos refugiados atendidos pela instituição no estado. A Cáritas faz esse tipo de trabalho desde a década de 1970.
Em 2014, as mulheres representavam cerca de 30 por cento dos que pediam refúgio, percentual que aumentou para 40,4 por cento em 2015 e para 50 por cento neste ano. Até o ano passado, a Cáritas havia registrado cerca de 4 mil e 100 refugiados e 2 mil e 400 solicitantes no estado, em um total de 5 mil 435 pessoas.
O maior grupo é de angolanos (56,2 por cento), mas os congoleses são os que mais solicitam refúgio. Eles representam 19,7 por cento dos refugiados. No primeiro trimestre deste ano, 55 por cento dos que chegaram ao estado eram congoleses – a República Democrática do Congo é um país devastado por conflitos e o estupro de mulheres é vastamente usado como arma de guerra.
Segundo a coordenadora do Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas, Aline Thuller, a entidade desenvolve atividades e ações específicas para as mulheres e crianças vítimas da violência. Segundo ela, há psicólogos, terapeutas e atividades artísticas. Além disso, a entidade realiza parcerias com outras instituições com experiência no trabalho com mulheres para desenvolver atividades em que elas possam extravasar os traumas e as situações que viveram.
De acordo com o representante do Ministério da Justiça, João Guilherme Granja, o Brasil tem atualmente cerca de 8 mil e 600 refugiados. Segundo ele, o número de refugiados acolhidos no país tem aumentado ano a ano, mas ainda é muito pequeno em comparação com o de outros países.
Rio de Janeiro, São Paulo e os estados da Região Sul do país são as principais portas de entrada dessa população, diz o registro. Entretanto, Granja informou que muitos refugiados têm se deslocado para as cidades médias e para polos econômicos regionais. (pulsar)