Três anos após a aprovação do feijão geneticamente modificado, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) prepara agora uma variedade transgênica de alface. A verdura está prevista para chegar ao mercado em 2021 e promete suprir a carência nutricional de ácido fólico na alimentação brasileira.
O primeiro teste de campo com a variedade transgênica foi autorizado no fim de 2013 pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) – órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que decide sobre a produção e comercialização de transgênicos no Brasil – e foi realizado em janeiro deste ano.
Presente em todas as folhas, a vitamina é responsável por evitar doenças relacionadas a má formação do tubo neural durante a gestação. Os problemas mais comuns são anencefalia, caracterizada pela ausência parcial do encéfalo, espinha bífida, que resulta da formação incompleta da medula espinhal, e lábio leporino, em que o bebê nasce com uma abertura no lábio.
Ainda que a alface transgênica seja um meio de solucionar a deficiência de ácido fólico, existem outras hortaliças que fazem parte do cardápio brasileiro e que possuem a substância em quantidade suficiente para suprir a necessidade diária, como o espinafre e os brócolis.
De acordo com o diretor-técnico da Associação de Agricultura Familiar e Agroecologia (AS PTA), Gabriel Fernandes, a solução adotada pela Embrapa trata a carência alimentar de modo “simplista”. Ele reforça que a alimentação do brasileiro, principalmente nas grandes cidades, é pobre e pouco diversa. Segundo Fernandes,não vai ser criando transgênicos que será resolvido o problema da falta de nutrientes na alimentação. Para ele, diversificar a produção de alimentos e enriquecer os solos para um plantio de qualidade e de outras variedades é o melhor caminho para conquistar uma alimentação mais rica e saudável. (pulsar/rba)