O projeto do governo Jair Bolsonaro (PSL) que prevê a ingerência do capital privado nas universidades públicas federais, batizado de Future-se, é total ou parcialmente rejeitado por todas as instituições que já iniciaram o debate sobre assunto. Ao todo, 43 das 63 universidades federais (68 por cento) se reuniram para analisar a proposta do governo e fizeram diversas críticas ao projeto.
Lançado em 17 de julho, o Future-se propõe um “novo modelo de financiamento” do ensino superior no Brasil, com “maior autonomia financeira às universidades e institutos federais por meio de incentivo à captação de recursos próprios e ao empreendedorismo”.
Na prática, o projeto promove uma espécie de terceirização da gestão e do financiamento das instituições, como explica o presidente da União Nacional dos Estudantes, Iago Montalvão.
“Ela propõe que uma Organização Social faça a gestão de recursos advindos das empresas e fundos para suplementar o financiamento da universidade. Em um momento de queda do financiamento público, cria-se um objeto paralelo de administração para atender aos interesses desses investidores do mercado privado”, disse Iago.
A preocupação do presidente da UNE é compartilhada com a maioria dos administradores das universidades federais e dos institutos do país.
A rejeição mais forte é na região sudeste, onde 19 universidades se posicionaram contra o Future-se. Nas regiões Sul e Nordeste, a rejeição também foi grande com mais de 10 manifestações em cada.
No geral, as universidades destacam que o Future-se não apresenta nenhuma solução para os problemas das instituições e que algumas das propostas já são contempladas dentro do modelo atual de financiamento público.
Atualmente, as 63 federais reúnem cerca de um milhão de alunos em cursos de graduação e de pós-graduação. (pulsar/brasil de fato)