Pesquisa divulgada pela organização internacional de combate à pobreza ActionAid nesta quinta-feira (22) mostra que as mulheres trabalham quatro anos a mais do que os homens. O motivo seria principalmente a grande carga de trabalho doméstico e familiar que costuma recair sobre elas. O dado foi calculado com base em números relacionados a horas de trabalho no mundo divulgadas pela ONU (Organização das Nações Unidas) Mulheres e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), e chama atenção para o longo caminho a se percorrer para combater as desigualdades de gênero no mundo.
O estudo da ActionAid é lançado por ocasião do aniversário de um ano do compromisso assumido pelos países que integram as Nações Unidas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) e mede a disposição dos governos em cumprir as metas referentes às desigualdades, especialmente os objetivos cinco, referente a gênero, e dez, que diz respeito às desigualdades sociais.
O levantamento foi feito em dez países em desenvolvimento onde a organização trabalha – Brasil, Gana, Haiti, Libéria, Nepal, Nigéria, Senegal, África do Sul, Uganda e Zâmbia – e mostrou que apenas três deles – Brasil, Gana e África do Sul – têm em curso mais de 65 por cento das políticas públicas consideradas necessárias para a redução das desigualdades. Senegal, Uganda e Zâmbia possuem menos de 50 por cento desses instrumentos. A análise foi feita com base em um indicador elaborado pela ActionAid, que avaliou a existência de políticas como salário mínimo, de proteção social, legislação por igualdade de salários entre homens e mulheres, criminalização da violência de gênero e a presença de um orçamento para a educação pré-escolar, entre outras.
Outros quatro países desenvolvidos – Estados Unidos, Inglaterra, Dinamarca e Austrália – foram analisados, a fim de entender sua disposição em cumprir o objetivo 17, que fala em revitalizar a parceria global por desenvolvimento sustentável. Todos os países desenvolvidos estudados mantêm em curso políticas danosas, como regimes fiscais discriminatórios, que pioram a desigualdade.
Para que os países aprimorem as políticas públicas que colaborem com o fim das desigualdades, o documento da ActionAid traz algumas recomendações, tais como aproximar os governos de países pobres dos processos de tomada de decisão global, desenvolver e elevar os compromissos dos governos em redirecionar seus planos nacionais com políticas que apoiem a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis, e colocar em curso sistemas de governança, apoio financeiro e programas de monitoramento e avaliação, a fim de garantir que as políticas públicas sejam projetadas com uma verdadeira “lente feminista”, uma vez que o potencial de desenvolvimento das mulheres precisa estar no centro de análise e de decisões. (pulsar/agência patrícia galvão)