Pesquisa divulgada pelo Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos humanos da Defensoria Pública de São Paulo mostra que mais de 90 por cento das ocorrências de mortes provocadas por policiais em serviço, os chamados autos de resistência, são arquivadas sem investigação pelo Ministério Público estadual. A maioria das vítimas é negra e moradora da periferia.
A história é sempre a mesma: policiais militares matam uma pessoa que supostamente teria sido flagrada em um delito e reagido. De acordo com a defensora pública Daniela Skromov, “não dá nem para dizer que a Justiça inocenta os policiais, porque ela sequer dá um veredito, de culpado ou inocente. A imensa maioria dos casos não chega nem a ser denunciada”.
Para ela, isso ocorre devido a persistência de uma cultura de extermínio e a falta de investigação prejudica as famílias das vítimas e favorece a impunidade.
Segundo a pesquisadora Ariadne Natal, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), os processos destinados a investigar policiais já nascem com vício de origem, com pouco esforço para esclarecer aquilo que acontece. Ela acredita que a situação mudará apenas quando a sociedade não mais tolerar essa cultura de extermínio, que muitas vezes é confundida com Justiça. (pulsar/rba)