Transnacionais com sede no Brasil e no exterior têm relações diretas com empresas que constam na “Lista de Transparência sobre Trabalho Escravo Contemporâneo”, enviada pelo poder público ao site Repórter Brasil esta semana. O documento traz 250 nomes flagrados por trabalho escravo.
A chamada “lista suja”, que traz dados de empregadores autuados entre dezembro de 2014 e dezembro de 2016 em decorrência de caracterização de trabalho análogo ao de escravo, estava suspensa desde o final de 2014.
Considerando apenas as dez empresas com maior quantidade de trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão, quatro eram fornecedores ou membros de alguma empresa transnacional.
A CSM Agropecuária S/A, que teve um resgate de 28 pessoas, é fornecedora da transnacional brasileira JBS, da marca Friboi. Já as construtoras autuadas Enesa Engenharia e Milplan Engenharia, com 53 e 46 pessoas resgatadas, prestam serviços à mineradora transnacional britânica Anglo American, uma das maiores do mundo.
A Citrosuco, por sua vez, é uma das maiores exportadoras de suco de laranja do mundo, e é parte de uma transnacional brasileira chamada Grupo Fischer. Segundo o relatório, ela abrigava 26 pessoas trabalhando em situação análoga à escravidão.
Desde o início de 2015, o Repórter Brasil junto ao Instituto Pacto Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo solicitava a lista periodicamente, usando como argumentos os artigos 10, 11 e 12 da Lei de Acesso à Informação e o artigo 5º da Constituição Federal de 1988.
A lista só foi liberada porque o Ministério Público do Trabalho (MPT) fez o governo Temer respeitar a Lei de Acesso à Informação (LAI). O documento foi obtido pelo jornalista Leonardo Sakamoto em parceria com entidades de defesa dos trabalhadores. (pulsar/brasil de fato)