A greve dos professores da rede estadual de ensino do Paraná entrou nesta quarta-feira (29) em seu terceiro dia com adesão praticamente total da categoria, apesar de a Justiça do Estado ter, a pedido do governador tucano Beto Richa, declarado a greve “ilegal”. Pela decisão, os educadores terão os dias parados descontados e a APP Sindicato, entidade que representa os professores estaduais, será multada em 40 mil reais por dia de paralisação. A APP já recorre da decisão.
A segunda greve dos professores paranaenses em menos de dois meses foi decidida em assembleia, realizada no último sábado (25) em Londrina, em protesto contra as alterações propostas pelo governo Richa, que afetarão os servidores estaduais aposentados e pensionistas com mais de 73 anos de idade. Cálculos indicam que as mudanças reduzirão praticamente pela metade, de 57 para 29 anos, o tempo de solvência dos fundos de previdência do funcionalismo público. Na mesma assembleia, os professores lançaram a campanha salarial de 2015.
Esta é a segunda vez este ano que o governo tucano tenta impor mudanças à previdência dos servidores estaduais. A primeira tentativa ocorreu em fevereiro, semanas depois de ter declarado que o Paraná encontrava-se à beira do colapso financeiro. Na ocasião, os professores e outras categorias do funcionalismo mobilizaram-se e conseguiram não só forçar o governo a retirar a proposta de votação na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) como obrigaram os deputados estaduais a extinguirem a “comissão geral”, um artifício regimental por meio do qual o governo impunha medidas impopulares restringindo o tempo de debate.
Agora em abril, ao reapresentar as mudanças na previdência, o governo tucano alegou ter discutido amplamente as mudanças propostas. Já o Fórum dos Servidores e a oposição ao governo têm outra interpretação. Das mais de dez emendas apresentadas pelos servidores à proposta do governo, apenas duas foram acatadas. O deputado estadual Professor Lemos (PT) qualifica como “monólogo” o que o governo tucano chama de “diálogo”.
A aprovação é dada como certa tanto por deputados governistas quanto de oposição, mas os servidores prometem fazer barulho. Ainda não se sabe se o cordão de isolamento imposto pela polícia ao redor da Alep já na manhã da segunda-feira (27) será levantado hoje, nem se populares serão autorizados a acompanhar das galerias a votação.
Na última terça-feira (28), a polícia usou balas de borracha, canhões d’água, bombas de gás e spray de pimenta para deter uma marcha dos servidores. (pulsar/rba)