Indígenas ocupam, desde a madrugada do último domingo (16), o canteiro de obras da Usina Hidrelétrica (UHE) São Manoel, no rio Teles Pires, na divisa do estado do Pará com o Mato Grosso. O movimento reúne cerca de 200 indígenas da etnia Munduruku de 138 aldeias da bacia do rio Tapajós. Entre as principais reivindicações está a realização de consultas prévias às comunidades sobre obras que afetem a Terra Indígena (TI) Sawre Muybu — área de 178 mil hectares que aguarda há nove anos a conclusão do processo de demarcação.
De acordo com Maria Leusa Kabaiwun Munduruku, uma das lideranças da ocupação, o local é sagrado para os indígenas da etnia. Antes de entrar no canteiro para o protesto, os indígenas fizeram uma cerimônia para pedir permissão a seus antepassados e, assim, poder pisar no local.
Os indígenas pedem a devolução das urnas funerárias — local onde eles são sepultados — recolhidas durante as construções. Eles querem ainda que a empresa e o governo peçam desculpas pela destruição dos lugares sagrados.
A ocupação da Usina Hidrelétrica (UHE) São Manoel foi planejada no encontro de mulheres munduruku “Aya Cayu Waydip Pe”, realizado em maio deste ano na aldeia Santa Cruz. A hidrelétrica, localizada a cerca de 125 quilômetros do município de Paranaíta, no Mato Grosso, faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e aguarda licença de operação.
Os indígenas denunciam as violações ambientais e aos direitos humanos na região desde 2011, início do processo de construção da UHE Teles Pires, outra usina localizada na mesma região, mas que já está em funcionamento. (pulsar/brasil de fato)