Mulheres negras de todo o Brasil estiveram em Brasília nos últimos dias para discutir os principais desafios para articulação política e reivindicação de direitos. O Comitê de Mulheres Negras para um Planeta 50-50 participou de reuniões com representantes da ONU Mulheres, da Universidade de Brasília e de órgãos do governo federal. A realidade das mulheres negras na Amazônia foi uma das pautas em debate.
Ana Lúcia Pereira, professora doutora da Universidade Federal do Tocantins (UFT), chama a atenção para as condições de trabalho de mulheres negras na região amazônica. De acordo com ela, é preciso garantir políticas públicas que combatam o racismo e promovam condições dignas de trabalho feminino.
Deise Benedito, perita do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura do Ministério da Justiça, destaca o aumento no número de mulheres negras presas ou mortas no contexto do narcotráfico. Dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias indicam que houve um aumento de 656 por cento no número de mulheres encarceradas no Brasil em relação ao registrado no início dos anos 2000.
A representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, explica que os dados e propostas apresentados pelas mulheres negras serão usados para intensificar o diálogo da ONU com o governo e a sociedade civil brasileira. O país aderiu à agenda das Nações Unidas de combate à desigualdade de gênero em 2015.
Em julho, as organizações de mulheres negras continuam mobilizadas para discutir estratégias de combate ao racismo, à violência e pelo bem viver. O ponto alto dos debates é o dia 25 de julho, Dia Nacional da Mulher Negra, em homenagem à quilombola Teresa de Benguela, que lutou contra a escravidão em Mato Grosso. Ainda em dezembro deste ano, será realizado, em Goiânia, o Encontro Nacional de Mulheres Negras. (pulsar)
*Informação da Radioagência Nacional