O chamado Massacre do Carandiru, em que oficialmente 111 presos foram mortos pela Polícia Militar no presídio paulistano implodido em 2002, completa 25 anos nesta segunda-feira (2). Até hoje ainda há histórias a serem reveladas e a insatisfação com o fato de o Tribunal de Justiça ter anulado o julgamento feito no ano passado. Uma nova face desse triste episódio será abordada nesta noite, com o lançamento de um livro-vídeo que aborda a cobertura da imprensa paulista naquele 2 de outubro, uma sexta-feira véspera de eleições municipais.
Carandiru – 25 anos tem 40 minutos de duração e traz depoimentos de 13 profissionais da imprensa, com ênfase no extinto Diário Popular (atual Diário de S. Paulo), onde trabalhava a autora do livro-vídeo, a jornalista e advogada Selma Nunes. O lançamento será realizado a partir das sete horas da noite, na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado.
De acordo com Selma, a história é contada por “jornalistas de texto e imagem, que garimparam a notícia em terreno árido”, convivendo com polícia e política no mesmo plano. No domingo 4, haveria eleições para prefeito, e o governo estadual, comandado por Luiz Antônio Fleury Filho, foi acusado de omitir ou ocultar informações para não prejudicar a candidatura do PMDB na capital paulista – o noticiário inicial falava em apenas oito mortos na operação. De qualquer forma, Aloysio Nunes não conseguiu ir para o segundo turno, disputado por Eduardo Suplicy (PT) e Paulo Maluf (PDS).
Em 2001, o coronel Ubiratan Guimarães, responsável pela invasão do presídio, foi submetido a júri popular pela operação policial que comandou em 1992, tendo sido condenado a 632 anos de prisão. Recorreu e, por decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em fevereiro de 2006, foi absolvido. Ele morreu em setembro desse mesmo ano, quando estava em seu segundo mandato como deputado estadual.
Na manhã desta segunda (2), a seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fez um ato para lembrar os 25 anos do episódio. A entidade também está relançando o livro História de um Massacre – Casa de Detenção de São Paulo, de Marcello Lavenère Machado e João Benedicto de Azevedo Marques, feito a partir do relatório da visita feita dois dias depois, a pedido da OAB, “que foi a primeira entidade da sociedade civil a entrar no recinto”. (pulsar/rba)