Acampados há mais de uma semana em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em São Paulo, no Largo do Paissandu, os moradores que ocupavam o prédio Winton Paes de Almeida, que desabou após pegar fogo na última semana, denunciam a falta de assistência do poder público. Soma-se ao drama a busca pelos desaparecidos e por corpos em meio aos escombros.
Em barracas que foram doadas pela população e sem terem para onde ir, os moradores, separados por uma cerca instalada pela prefeitura, se viram como podem, e denunciam a falta de serviços básicos, como e banheiros químicos, por exemplo.
Muitos ainda esperam ser cadastrados em programas habitacionais da prefeitura, e os já cadastrados aguardam por ações efetivas. A prefeitura instalou também um abrigo no Viaduto Pedroso, mas muitas famílias se recusam a deixar a praça sem que haja algum compromisso do poder público que aponte para uma solução definitiva.
Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe-SP), as condições nos abrigos em São Paulo destinados às populações em situação de rua são “deploráveis”. Além disso, as famílias estão separadas por gênero, o que aumenta o drama.
Na última terça-feira (8), parte das famílias começou a receber auxílio moradia – uma primeira parcela de mil e 200 reais e de 400 reais nos meses seguintes – pagos pelo governo estadual, pelo prazo máximo de um ano. Segundo a Defensoria Pública, esse auxílio não resolve o problema, pois, com os valores oferecidos, a tendência é que as famílias só consigam arcar com alugueis em locais precários, seja no centro ou nos extremos da periferia.
Também na última terça foi encontrado o corpo de uma segunda vítima, com sinais de carbonização. Segundo informações preliminares, seria de uma criança. A primeira vítima encontrada, pouco tempo depois do incêndio, foi Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, o Tatuagem, de 39 anos. (pulsar/rba)