Na última semana, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciou dois atentados contra lideranças indígenas durante ações para proteger a biodiversidade de suas terras, consideradas áreas de preservação. No Maranhão, madeireiros dispararam contra três índios Ka’apor que tentavam fiscalizar a ação das empresas dentro de suas terras. Já no Amazonas, policiais civis e militares que faziam segurança de grupo de pesca esportiva alvejaram índios que tentavam impedir a retirada do pescado, principal alimento das aldeias.
No Maranhão, um indígena, que não quis ser identificado, foi uma das vítimas em um atentado no último dia 16, enquanto vistoriava a aldeia Ypahurenda, uma das oito áreas de proteção da Terra Indígena Alto Turiaçu, justamente para impedir a ação de madeireiros. De acordo com a denúncia, dois homens perseguiram e atiraram contra os indígenas. Ninguém se feriu.
Já no Amazonas, indígenas foram espancados por policiais militares e civis e um adolescente de 15 anos mantido algemado sob o sol durante várias horas no último dia 13. Eles tentavam impedir que um grupo de turismo praticasse pesca esportiva na área da aldeia Vista Alegre, na Terra Indígena (TI) Torá/Munduruku do Rio Marmelos, localizada no município de Manicoré, a 350 quilômetros de Manaus.
O confronto ocorreu em frente a aldeia. Os povos Torá e Munduruku não aceitaram a entrada da empresa de turismo em seu território porque, de acordo com os indígenas, a presença de estranhos compromete a variedade de peixes na região, principal fonte de alimento das famílias. Além disso, a atividade turística afugenta a caça e provoca impactos ambientais e sociais. Os feridos relataram terem sido agredidos, inclusive com spray de pimenta. A Terra Indígena Torá/Munduruku do Rio Marmelos é uma das 170 no Amazonas que aguardam demarcação por parte do governo federal. (pulsar/rba)