Mais quatro comunidades quilombolas foram reconhecidas oficialmente pelo governo do estado de São Paulo, em ato ocorrido no último domingo (16) na Feira Paulista de Assentamentos e Quilombos (Fepaq), no Parque da Água Branca, na capital paulista. A medida marcou a agenda do governo estadual pelo Dia Nacional da Consciência Negra, a ser comemorado no próximo dia 20.
Com essa ação, sobe para 32 o total de comunidades quilombolas já reconhecidas em São Paulo, a maioria delas, 25, localizadas no Vale do Ribeira. Com isso, mil 395 famílias deverão passar a receber assistência técnica de agrônomos, veterinários, biólogos, técnicos agrícolas, economistas e assistentes sociais, além de insumos e materiais para instalação de infraestrutura para produção e comercialização agrícola.
As quatro comunidades reconhecidas totalizam 86 famílias. A que reúne o maior número (38) é a Abobral Margem Esquerda, nome dado pelo fato de estar localizada à esquerda do Rio Ribeira de Iguape, no município de Eldorado. Este quilombo, com área de mais de três mil hectares, existe desde o século 17, e chegou a ser um polo de produção de arroz, no século 19, cultivado por homens e mulheres negros, descendentes de escravos ou fugitivos do trabalho escravo.
De acordo com a secretária de Justiça e Defesa da Cidadania, Eloísa de Souza Arruda, o processo é demorado por ser um trabalho muito complexo, no sentido de se apurar a veracidade da origem do território. Ela admite que apesar dos efeitos benéficos do reconhecimento, “ainda há muito o que fazer para superação do racismo.” Segundo a secretária, parte dos produtos dessas comunidades poderá ser adquirida pelo próprio governo, e destinada aos restaurantes populares do programa Bom Prato ou para alimentação de presos. (pulsar/rba)