Um novo relatório da Oxfam, divulgado na última segunda-feira (16), revela que apenas oito homens concentram a mesma riqueza do que as três bilhões e 600 milhões de pessoas que fazem parte da metade mais pobre da humanidade. O documento também capta uma tendência preocupante: o abismo entre ricos e pobres está aumentando em uma velocidade muito maior do que a prevista.
Os oito primeiros colocados na lista da Forbes, utilizada como base para o relatório, são o criador da Microsoft, Bill Gates (75 bilhões de dólares), Amancio Ortega (67 bilhões), da grife espanhola Zara; Warren Buffet (60 bilhões e 800 milhões), da Berkshire Hathaway; Carlos Slim (50 bilhões), das telecomunicações; e Jeff Bezos (45 bilhões e 200 milhões), da Amazon. Figuram ainda o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg (44 bilhões e 600 milhões), Larry Ellison (43 bilhões e 600 milhões), da Oracle; e, por fim, Michael Bloomberg (40 bilhões), da Bloomberg LP.
Tal riqueza é, na maioria dos casos, hereditária. Nas próximas duas décadas, 500 indivíduos passarão mais de dois trilhões de dólares para seus herdeiros, uma soma maior do que o PIB (Produto Interno Bruto) de um país como a Índia, que tem um bilhão e 200 milhões de habitantes.
Intitulado “Uma economia humana para os 99 por cento”, o relatório analisa de que maneira grandes empresas e os “super-ricos” trabalham para acirrar o fosso da desigualdade. A renda de altos executivos, frequentemente engordada pelas ações de suas empresas, tem aumentado vertiginosamente, ao passo que os salários de trabalhadores comuns e a receita de fornecedores têm, na melhor das hipóteses, mantido-se inalterado e, na pior, diminuído.
O estudo aponta que, atualmente, o diretor executivo da maior empresa de informática da Índia ganha 416 vezes mais que um funcionário médio da mesma empresa.
Além disso, os altos lucros das empresas são maximizados pela estratégia de pagar o mínimo possível em impostos, utilizando para este fim paraísos fiscais ou promovendo a concorrência entre países na oferta de incentivos e tributos mais baixos.
Outra estratégia perversa é utilizar o trabalho análogo à escravidão para manter os custos corporativos baixos. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 21 milhões de trabalhadores forçados geram cerca de 150 bilhões de dólares em lucros para empresas, todos os anos. (pulsar/carta capital)