A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu, no último dia 23, uma consulta pública sobre a rotulagem nutricional frontal de alimentos no país. Boa parte das ideias apresentadas pela agência é criticada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que aponta contradições e pouca eficiência do que foi proposto.
Uma das principais mudanças que a proposta da Anvisa traz é a inclusão de uma lupa na parte da frente dos rótulos dos alimentos embalados, que alertará para o eventual excesso de açúcares adicionados, gorduras ou sódio. O Idec aponta que o ícone não cria uma advertência ao consumidor e propõe um modelo de triângulo.
“Se tiver mais de um nutriente crítico em excesso, a imagem da lupa sempre será a mesma. Por isso apresentamos o triângulo, onde cada um apresenta uma informação diferente. Quanto mais triângulos, mais riscos para o consumidor”, explica Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec, à RBA.
Além disso, a Anvisa quer continuar permitindo que algumas alegações nutricionais sejam exibidas nas embalagens, como o produto ter baixo índice em sódio ou rico em fibras, o que não significa ser saudável, na avaliação da nutricionista. “É ruim para o consumidor. A pessoa vai ficar confusa, lendo que o produto tem excesso de açúcar, mas pouco sódio. É uma informação contraditória”, critica.
Em relação aos nutrientes que deverão ser apresentados com o selo de advertência, a proposta da agência exclui gorduras totais, adoçante e gordura trans, previstos na proposta do Idec. Bortoletto afirma que é muito preocupante a falta de informação sobre adoçantes nos rótulos, especialmente para os produtos destinados ao público infantil.
“Por experiência de outros países, há uma substituição do açúcar por adoçante para não entrar em destaque no rótulo. Isso aumentará o volume de produtos com adoçante sem necessidade, que traz riscos à saúde, podendo aumentar o consumo em excesso de crianças”, afirmou.
Já na parte de trás da embalagem, há melhorias apontadas pelo Idec, como o contraste na tabela nutricional que irá incluir a informação do açúcar adicionado como parte de carboidratos. A nutricionista também vê com bons olhos a inclusão do valor nutritivo por 100 gramas, o que permitirá uma comparação melhor entre alimentos.
“Hoje em dia, é difícil fazer essa comparação pois cada alimento apresenta uma porção diferente na embalagem, calculando as calorias por dia, e ninguém faz essa conta”, diz ela, que critica a manutenção da informação nutricional com base no consumo diário de calorias. De acordo com especialistas, este método é impreciso. (pulsar/rba)
*A reportagem completa está disponível no RBA