Militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), junto aos familiares de Nilce Souza Magalhães, a Nicinha, realizam uma homenagem e um ato político em memória da pescadora atingida pela Usina Hidrelétrica (UHE) Jirau. O evento ocorre nesta quarta-feira (21), na capela de Santo Antônio, às margens do Rio Madeira, em Porto Velho (RO).
O ato também será uma denúncia contra as graves violações de direitos humanos em conflitos por terra em Rondônia. Além de Nicinha, outras 17 pessoas foram assassinadas só em 2016 no estado, número que representa 34 por cento de todos os assassinatos envolvendo esse tipo de conflito no país neste ano.
A região conta ainda com 30 das 59 tentativas de assassinato; 93 das 144 pessoas que receberam ameaças de morte; 66 dos 80 camponeses presos; e 20 milhões dos 21 milhões de hectares em conflito. Rondônia é, portanto, o estado mais violento com militantes da reforma agrária e, entre as principais causas, estão as obras de infraestrutura.
João Marcos Dutra, da coordenação do MAB em Rondônia, afirma que um dos grandes motivos para a alta quantidade de mortes é a valorização do preço da terra. Segundo ele, Rondônia está em uma posição estratégica para o capital internacional, a região está localizada no eixo da iniciativa de integração regional sul-americana. Dutra explica que um tratado entre vários países prevê vários grandes projetos de infraestrutura na área.
Outro fator, segundo Dutra, é que o estado faz a interligação do centro do país, da produção de soja, com a saída para o Pacífico, diretamente para a China. Tudo isso eleva o preço da terra e tem acirrado as disputas.
O corpo de Nilce de Souza Magalhães, mais conhecida como Nicinha, foi encontrado no lago da barragem da Usina Hidrelétrica Jirau, em Porto Velho (RO) no dia 21 de junho. A liderança do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) havia sido assassinada no início do ano e seu corpo estava desaparecido desde o dia 7 de janeiro. (pulsar/mab)