Em quatro de novembro de 1969, Carlos Marighella foi fuzilado em um fusca, no Jardins, em São Paulo. Quarenta e três homens, entre civis e militares, abriram fogo contra o fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN) sob o comando do delegado Sérgio Fleury, do DOPS (Departamento de Ordem Politica e Social) de São Paulo.
Quarenta e sete anos mais tarde, o Ministério Público Federal abrirá uma investigação para apurar o caso. Até hoje, nenhuma equipe sob comando de Fleury havia sido investigada por crimes políticos durante a ditadura civil-militar.
Ao decidir apurar o caso, o procurador da República, Andrey Borges Mendonça, passou a fase de reunir depoimentos de testemunhas. O procurador, já aposentado, Hélio Bicudo, classificou a iniciativa como “importante”. Durante sua atuação, Bicudo foi responsável por investigar as ações do Esquadrão da Morte, grupo comandado por Fleury que executava criminosos entre as décadas de 1960 e 1970.
Uma das primeiras pessoas ouvidas pela investigação foi o jornalista do Estado de São Paulo, José Maria Mayrink, o primeiro repórter a chegar ao local da emboscada armada contra o guerrilheiro. A armação contou com a ajuda (involuntária) de Frei Ivo e Fernando de Brito, que haviam sido presos dias antes e obrigados a participar da ação.
Naquele dia quatro de novembro, Marighella entrou no fusca no qual se encontraria com ambos e logo o veiculo foi abordado e os passageiros retirados, exceto o guerrilheiro, que foi prontamente executado. De acordo com um dos policiais que participou da ação, Marighella teria sido morto pelo investigador José Carlos Tralli.
A decisão de investigar tem como suporte, de acordo com o promotor, a observação de crime contra a humanidade, de maneira que se faz impossível e inviável a anistia, protocolada em 1979 pelo Supremo Tribunal Federal. (pulsar/portal fórum)