Cerca de 150 representantes de entidades e organizações de direitos humanos e vítimas das ditaduras latino-americanas, instaladas entre os anos de 1960 e 1980 se reuniram em Brasília, para debater os avanços e retrocessos após 40 anos da Operação Condor. O encontro gerou um debate sobre políticas públicas em torno da defesa da verdade, da memória e da justiça na região.
Há 40 anos acontecia a chamada Operação Condor, uma aliança político-militar entre os países do Cone Sul, Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, com o objetivo maior de reprimir os opositores aos regimes militares. Foi criada por iniciativa do governo chileno e durou até a redemocratização, na década de 1980. Foi uma ação liderada por militares da América Latina, com a ajuda da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, que orquestravam perseguições, sequestros, atentados e assassinatos.
A meta era eliminar os líderes de esquerda e reagir à Olas (Organização Latino-Americana de Solidariedade), criada por Fidel Castro, ex-presidente de Cuba.
Segundo Paulo Abrão, secretário-executivo do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH) do Mercosul, o encontro propôs um espaço de articulação e oportunidade para que as organizações e entidades que trabalham com a promoção dos direitos humanos pudessem apresentar sugestões de políticas regionais a serem implementadas, de forma integrada e visando à preservação da memória.
Ainda de acordo com o secretário-executivo do IPPDH, a Operação Condor permitiu que os países do Cone Sul fizessem um intercâmbio de informações, que construiu ações de perseguição e extermínio de todas as pessoas que pensavam e faziam oposição aos governos daquele período, desrespeitando os direitos fundamentais.
O encontro resultou em propostas, que serão levadas à próxima Reunião de Altas Autoridades em Direitos Humanos (RAADH), do Mercosul, que acontece em novembro deste ano no Paraguai. Entre as proposições está a construção de medidas regionais para que os lugares de memória sejam preservados. Os antigos centros de tortura serão identificados e resignificados como lugares de repúdio a crimes contra a humanidade. (pulsar/adital)