A impunidade é o principal motivo para que um homem pratique violência sexualcontra uma mulher. É o que pensam 76 por cento das mulheres e 67 por cento dos homens ouvidos na pesquisa divulgada pelo Instituto Patrícia Galvão. De acordo com o levantamento, 59 por cento dos entrevistados acreditam que as vítimas de violência sexual que denunciam seus agressores não recebem o apoio de que precisam. Para 54 por cento, as vítimas não contam com o apoio do estado para denunciar o agressor.
A pesquisa também mostra que 39 por cento das mulheres entrevistadas afirmam ter sido submetidas a algum tipo de violência sexual. Pela amostragem, é possível estimar que 30 milhões de brasileiras já foram vítimas de violência sexual.
Muitas mulheres e homens não sabem quais são todos os fatores que configuram a violência sexual: espontaneamente, apenas 11 por cento das entrevistadas afirmaram já ter sofrido alguma forma de violência sexual, mas o número sobe para 39 por cento quando são apresentadas a uma lista de situações. Quanto aos homens, apenas dois por cento admitem espontaneamente ter cometido violência sexual, mas diante da lista de situações, 18 por cento reconhecem ter praticado a violência.
O velho ditado “segurem suas cabras que meu bode está solto” já pode estar com os dias contados, é o que afirma a diretora executiva do Instituto, Jacira Melo. Isto porque s dados mostram que 96 por cento concordam que é preciso ensinar os homens a respeitar as mulheres, e não educar as mulheres a ter medo.
O levantamento mostra ainda que 75 por cento dos entrevistados são a favor de que as mulheres tenham direito a aborto legal em caso de gravidez decorrente de um estupro. Já 96 por cento dos entrevistados são favoráveis a que o governo disponibilize a pílula do dia seguinte para mulheres vítimas de violência sexual. Ambas as medidas são adotadas no Brasil.
A pesquisa também apontou que 74 por cento dos entrevistados concordam que a mídia reforça comportamentos desrespeitosos com as mulheres.
A pesquisa “Violência Sexual – Percepções e comportamentos sobre violência sexual no Brasil” ouviu mil pessoas de ambos os sexos, com 18 anos ou mais, em 70 municípios das cinco regiões do país, entre os dias seis e 19 de julho de 2016. (pulsar/agência patrícia galvão)