Pelo mundo, mais de 30 milhões de hectares foram adquiridos por apenas 490 proprietários. Os dados da organização Grain referem-se ao ano de 2016 e contam – ainda que de maneira incompleta – a história recente do land grabbing, um fenômeno mundial que pode ser definido como a mega aquisição de terras por investidores estrangeiros, grandes corporações, fundos. A Grain avisa: essa tendência continua crescendo.
E o Brasil é um dos principais protagonistas, principalmente como território dessas aquisições. Mas já aparece também como comprador. O relatório da Grain inclui entre os destaques pelo mundo a expansão do grupo JBS na Austrália. A empresa já tem cinco estabelecimentos com 10 mil hectares, com produção anual de 330 mil cabeças de gado. Somente a JBS australiana exporta para mais de 80 países – o que ilustra bem a escala global do land grabbing.
O agronegócio brasileiro também está presente na Colômbia, com o grupo Mônica Semillas, que leva o nome da empresária matogrossense Mônica Marchett – filha do produtor de soja Sérgio João Marchett, um dos acionistas principais da empresa. A Grain identificou oito mil 889 hectares de soja e milho na Colômbia. Mas a corporação possui ainda 70 mil hectares na Bolívia e terras no Paraguai. Segundo a Grain, a empresa já foi condenada a pagar dois milhões de pesos por subsídios indevidos, que violam a lei de terras colombiana.
O Paraguai aparece duas vezes com brasileiros no relatório, pelas atividades do Grupo Favero e de Wilmar dos Santos. Ambos sojeiros. A Asperbras representa os investimentos brasileiros no Congo, com propriedades que somam 50 mil hectares. No Sudão, o Pinesso Group – da família sulmatogrossense Pinesso – possui 12 mil hectares para produção de grãos, em parceria com o governo local.
O total de terras de brasileiros no mundo, conforme a lista parcial da Grain, na Oceania, África e América do Sul é de 124 mil hectares.
Mas o Brasil aparece bem mais vezes no relatório como alvo dos investidores. E com quantidades de terra – adquiridas ou geridas por estrangeiros – ainda mais fabulosas. O total de terras controladas no Brasil por 20 grupos estrangeiros é de dois milhões 740 mil hectares. Um Haiti. Ou metade da Croácia. (pulsar/de olho nos ruralistas)