A dezesseis dias da abertura dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, a Fundação Heinrich Böll lança um webdossiê que analisa os impactos sociais das Olimpíadas na cidade. A publicação conta com onze artigos de pesquisadores, economistas e jornalistas de diferentes organizações, entrevista, infográficos e uma série em vídeo.
Com o intuito de divulgar o webdossiê, a Pulsar Brasil publica na integra o artigo do jornalista Mario Campagnani intitulado ‘A preservação ambiental do gramado olímpico’. O texto aponta irregularidades sérias no processo de preparação para as Olimpíadas, como o não cumprimento da meta de compensação das emissões de CO2; o desmatamento de uma área de 970 mil metros quadrados de vegetação nativa da Reserva de Marapendi, na Barra da Tijuca, para a construção do campo de golfe olímpico e o fracasso na recuperação de lagoas e rios da ‘cidade maravilhosa’, uma promessa também para os Jogos Olímpicos que não saiu do papel.
No artigo, Campagnani também ressalta uma questão dos bastidores que tem sido a principal válvula motriz das Olimpíadas no Rio de Janeiro: a especulação imobiliária. Segundo o jornalista, para viabilizar a construção do campo de golfe e firmar o acordo com as construtoras Fiori Empreendimentos Imobiliários e Cyrela, a Prefeitura conseguiu a aprovação na Câmara dos Vereadores de uma lei que autoriza a construção de 22 prédios de 22 andares no mesmo terreno do campo de golfe, sendo que o preço mínimo das unidades simples é de cerca de 5 milhões de reais.
Para o autor,’ a vantagem’ inicialmente anunciada pela Prefeitura de que a obra do campo de golfe não geraria gastos aos cofres públicos, pois seria financiada pela iniciativa privada não passou de um acordo para beneficiar interesses empresariais, uma vez que o custo da obra olímpica foi de 60 milhões de reais e o lucro das construtoras será bem maior. (pulsar)