A reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), da última quinta-feira (5), que iria decidir sobre a liberação de novas variedades de plantas transgênicas no Brasil foi ocupada por cerca de 300 camponeses da Via Campesina. Com o protesto, ocorrido em Brasília, a reunião foi interrompida. Porém, antes da ação já havia sido aprovado o milho resistente ao 2,4-D e haloxifape, classificados como altamente tóxicos. A votação do eucalipto transgênico ficou para depois, com previsão de ocorrer na primeira quinzena de abril.
Simultaneamente ao ato em Brasília, mil mulheres do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupavam a sede da empresa Futura Gene, em Itapetininga, São Paulo, onde são desenvolvidos os testes com a nova espécie de eucalipto.
Para Atiliana Brunetto, integrante da direção nacional do MST, o histórico dessas decisões vai contra a legislação brasileira e à Convenção da Biodiversidade da qual o país é signatário. Ela ainda aponta que todo transgênico liberado significa mais agrotóxicos na agricultura, já que os pacotes aprovados para comercialização sempre incluem um tipo de veneno agrícola.
Para especialistas, como o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Kageyama, a implementação dessa variedade de eucalipto geraria impactos preocupantes em microbacias hídricas, pois essa planta passaria a demandar ainda mais água para seu cultivo, além de diversos efeitos nocivos a outros tipos de produções agrícolas, ao meio ambiente e à saúde. (pulsar)