O número de conflitos no campo registrados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) cresceu quatro por cento em 2018, chegando a mil 489, de acordo com balanço divulgado na última sexta-feira (12) em Brasília. O número de pessoas envolvidas aumentou 35,6 por cento, para 960 mil 630. O total de mulheres envolvidas em casos de violência chegou a 482, maior número em dez anos.
“Muito mais que números, análises, são histórias registradas, são pessoas, identidades, realidades”, afirmou a CPT durante o lançamento. As entidades lembram que o número provavelmente é maior – estes são apenas os casos registrados. Quase metade dos conflitos (49 por cento) ocorreu na Amazônia.
Um dado que chama a atenção é o aumento do total de famílias expulsas pelo poder privado – normalmente, de forma violenta: foram duas mil 305, crescimento de 59 por cento em relação a 2017. A maior parte concentra-se na região Norte (36,3 por cento do total), seguida de perto pelo Sudeste (35,6 por cento). O número de famílias despejadas (por ação judicial) cresceu menos, em torno de seis por cento, para 11 mil 235.
De acordo com o relatório, o número de assassinatos caiu significativamente – de 71, em 2017, para 28. “A CPT analisa que anos eleitorais tendem a ter uma diminuição nesse tipo de violência. Contudo, 2019 já aponta o retorno do aumento dos assassinatos”, informa a entidade, que registrou dez mortes violentas apenas nos quatro primeiros meses deste ano. Das 28 mortes no ano passado, 15 foram de lideranças – rurais, quilombolas ou indígenas.
Se o número de prisões também diminuiu (de 263 para 197), o registro de pessoas torturadas se multiplicou: de seis casos para 27 anos passado.
Apenas os conflitos especificamente por terra somaram 964, um pouco menos do que no ano anterior (989) e em 2016 (mil e 79). Mas estes três anos foram os que mais registraram esse tipo de ocorrência no Brasil. Em 2008, por exemplo, o total foi de 459. (pulsar/rba)