Mais de um ano depois de sua instalação, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Assassinato de Jovens apresenta seu relatório final nesta quarta-feira (8). A comissão ouviu mais de 200 pessoas em 29 audiências públicas em vários estados com o objetivo de identificar as causas, origens e principais responsáveis pela violência contra os jovens, principalmente negros.
O relatório produzido pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ) mostra que o homicídio continua sendo a principal causa de morte de jovens no Brasil. De todas as vítimas de homicídio no País, 53 por cento são jovens. Destes, 77 por cento são negros e 93 por cento do sexo masculino.
A base de dados usada pela CPI foi o Mapa da Violência, publicação anual realizada desde 1998 pelo sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, feita a partir de dados oficiais recolhidos no Ministério da Saúde. O último estudo sobre o tema foi publicado em 2014 e contabilizou mortes do ano de 2012. O mapa aponta que cerca de 30 mil jovens entre 15 e 29 anos são assassinados no Brasil por ano.
No mesmo período, houve aumento no número de assassinatos de jovens negros de 32 por cento e uma redução equivalente de mortes de jovens brancos. O relatório do senador mostra que um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos no Brasil. Durante as audiências da CPI, os participantes consideraram que o país vive uma “guerra civil não declarada” que gera um verdadeiro extermínio da juventude pobre e negra. Noventa e nove por cento dos assassinatos cometidos por policiais no Rio de Janeiro, por exemplo, durante confronto com suspeitos foram arquivados sem investigação.
Como medidas para mudar o quadro, o relatório propõe três eixos básicos: o fim do auto de resistência; a elaboração de um Plano Nacional de Redução do Homicídio de Jovens; e a transparência dos dados sobre asegurança pública e violência. (pulsar/portal fórum)