De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), a retirada de cobertura florestal seria de 22 a 32 mil quilômetros quadrados em 2030, devido ao crescimento populacional repentino associado à obra, à abertura de novas estradas e à especulação imobiliária. Caso as áreas protegidas não existissem na região, o desmatamento seria ainda maior, chegando a 46 mil quilômetros quadrados.
A pesquisa também oferece um retrato da região: a bacia do Tapajós tem hoje 59 por cento de seus 105 mil quilômetros quadrados com florestas. Unidades de conservação e terras indígenas contemplam 48 por cento da área da bacia, propriedades particulares, 26 por cento, assentamentos, seis por cento e 20 por cento são terras do governo ou sem destinação.
Segundo a pesquisadora Ane Alencar , “entre o melhor e o pior cenário, nos próximos 15 anos, temos desmatamento equivalente ao registrado em toda a Amazônia ao longo de cinco anos apenas nesta região”. Atualmente, o desmatamento anual na Amazônia gira em torno de cinco mil quilômetros quadrados.
Os planos de desenvolvimento hidrelétrico no rio Tapajós e três afluentes, Teles Pires, Juruena e Jamaxim, incluem 43 barragens com potência superior a 30 MW, das quais dez são consideradas prioritárias para o governo federal. Além da produção de energia, elas compõem um mosaico com hidrovias formuladas para escoar a produção agrícola.
De acordo com o professor Célio Bermann, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, “o Brasil não precisa de usinas no Tapajós”. Bermann defende que, antes de novos investimentos em hidroeletricidade na Amazônia, investimentos em manutenção da rede elétrica brasileira e em outras fontes renováveis, como sol e vento, devem ser exploradas. (pulsar/ihu)