Cerca de duas mil e 400 mulheres foram vítimas de homicídio por arma de fogo no país em 2014, o que significa que neste período seis mulheres foram assassinadas a cada dia por disparos de armamentos. Os dados são do Mapa da Violência 2016: homicídios por armas de fogo, realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), com autoria do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz.
A partir da análise de dados do Subsistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, o novo estudo mostra que a maior parte dos homicídios de mulheres por arma de fogo ocorreu nas regiões Nordeste, 39 por cento, e Sudeste, 28 por cento. Em números absolutos, os estados com o maior número de mortes do sexo feminino foram Rio de Janeiro, com 212, seguido por Bahia, com 209, e São Paulo, com 202.
Para a coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos do Ministério Público da Bahia, promotora Márcia Teixeira, os dados apresentados pelo Mapa da Violência 2016 trazem à tona a necessidade de ampliar os indicadores nesta frente, diante da necessidade de identificar os autores dos homicídios e de que forma eles conseguiram os armamentos que usam para matar mulheres. E também avaliar os casos com perspectiva de gênero para estimar quantas destas mortes são feminicídios.
A promotora pondera ainda que a posse de armas dentro do lar também pode interferir na decisão da mulher de denunciar uma situação de agressão ou buscar romper o ciclo de violência. Para reverter o cenário, a promotora defende a ação conjunta para cumprimento da legislação que restringe o porte de armas, além da promoção da responsabilização de homens autores de violência por meio de programas que promovam a conscientização, conforme os parâmetros estabelecidos pela Lei Maria da Penha. (pulsar/agência patrícia galvão)