De acordo com o relatório anual do Ministério da Saúde (MSP) do Uruguai, divulgado no último fim de semana, cresceu 30 por cento o número de mulheres que desistiu de interromper a gravidez após iniciar o processo de aborto legal no país. Os dados são referentes ao período compreendido entre dezembro de 2013 e novembro de 2014.
De acordo com Leticia Rieppi, ginecologista e ex-diretora de Saúde Sexual e Reprodutiva no Ministério, o que nos surpreendeu foi o aumento de desistências, o que demonstra que a lei vem cumprindo seu papel. Para ela não é uma lei que promove o aborto, mas a reflexão, e isso demonstra que muitas mulheres que solicitam o procedimento não têm certeza e que as consultas obrigatórias com a equipe interdisciplinar, formada por psicólogos e assistentes sociais, além do ginecologista, estão sendo efetivas.
O comunicado indica que o total de abortos legais concretizados subiu 20 por cento em relação ao ano anterior, com “oito mil e 500 interrupções voluntárias da gravidez”. Para Rieppi, o aumento está dentro do esperado para os primeiros anos de vigência da lei, aprovada no país em 2012. Ainda sobre a quantidade de procedimentos, o Ministério informou que ela obedece a uma relação de doze para cada mil “mulheres entre 15 e 45 anos, sendo porcentagens que estão abaixo dos níveis internacionais que se conhecem, como, por exemplo, nos países nórdicos”.
Além disso, o relatório indica que 18 por cento das mulheres que buscam o abortamento são menores de 20 anos, e que dentre todas as interrupções realizadas no período de vigência da lei, nenhuma morte foi registrada. (pulsar/revista fórum)