A ocupação do canteiro de obras da Usina Hidrelétrica São Manoel feita pelo povo Munduruku e liderada pelas mulheres da etnia encerrou na noite da última quarta-feira (19), após reunião realizada entre os indígenas, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Ministério Público Federal (MPF) e representantes das empresas responsáveis pelas Usinas Hidrelétricas de São Manoel e Teles Pires.
As pautas de reivindicações dos indígenas foram entregues e os cerca de 200 Munduruku decidiram sair da ocupação e seguir a mobilização até a cidade de Alta Floresta, no Mato Grosso, onde as urnas funerárias dos seus ancestrais estão guardadas.
Há anos os indígenas reivindicam que as urnas sejam devolvidas ao povo Munduruku. Estes artefatos estavam no local sagrado da etnia, a cachoeira de ‘Sete Quedas’, e foram violados pela Companhia Hidrelétrica Teles Pires (CHTP) durante a construção da UHE Teles Pires.
A Procuradoria da República em Mato Grosso, em 2015, recomendou que as urnas deveriam ser mantidas pela CHTP até que as lideranças indígenas junto da Funai e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) definam um local para elas serem guardadas. Desde fevereiro de 2017, as urnas funerárias do povo Munduruku estão no Museu Histórico de Alta Floresta, local para onde os indígenas que estavam no canteiro de obras da UHE Teles Pires decidiram ir.
Há dois meses as mulheres Munduruku iniciaram uma mobilização na aldeia Santa Cruz que reuniu lideranças, caciques, pajés e crianças para reivindicar, entre outras coisas, o respeito aos locais sagrados do povo Munduruku e aos direitos indígenas que vêm sendo violados pelas construções de Usinas Hidrelétricas na bacia do Tapajós.
A mobilização chegou ao canteiro de obras da UHE São Manoel na madrugada do dia 16. Durante os quatro dias de ocupação as obras permaneceram paradas.
A UHE São Manoel está em fase final de construção e o processo para ter a Licença de Operação está em análise no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA). (pulsar/combate racismo ambiental)