Ricardo Vélez Rodríguez foi anunciado, na quinta-feira (22), como o ministro da Educação para compor o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
Indicado pelo filósofo conservador Olavo de Carvalho, Vélez se diz crítico da “ideologia marxista” e tem livros publicados contra o PT. O educador Daniel Cara explica que o futuro ministro tem apoio de militares e também é defensor do projeto Escola sem Partido. Vélez Rodríguez é professor da elite do Exército e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
De acordo com seu blog, Rodríguez disse ter sido recomendado para o cargo de ministro da Educação no dia 7 de novembro. Ele publicou um texto intitulado “Um roteiro para o MEC”, no qual diz que a proliferação de leis e regulamentos tornou os brasileiros “reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista”. Isso levaria, segundo ele, a “invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero, a dialética do ‘nós contra eles’, tudo destinado a desmontar os valores da sociedade”.
No mesmo blog pessoal, o responsável pela pasta de Educação disse que 31 de março de 1964, quando foi dado o golpe civil-militar, “é uma data para lembrar e comemorar”. Segundo ele, a tomada do poder pelos militares, que perdurou por 20 anos, foi essencial para a “abertura democrática” e “livrou o Brasil do comunismo”.
Nascido em Bogotá e naturalizado brasileiro, Vélez Rodríguez é autor do livro “A Grande Mentira – Lula e o Patrimonialismo Petista”. Na contracapa da obra, ele afirma que o partido conseguiu “potencializar as raízes da violência” no Brasil mediante a disseminação da ‘revolução cultural gramsciana'”.
Em entrevista ao El País, Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (CEIPE-FGV), fez sua leitura a partir do currículo do indicado. Ela avalia que falta experiência em gestão de políticas educacionais ao novo integrante da equipe do presidente eleito. “Bolsonaro prometeu um perfil técnico para o cargo, mas Vélez não entende de administração de políticas de educação”, disse.
Bolsonaro havia acenado para a escolha do educador Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, para o cargo. Entretanto, a possível indicação de Ramos foi mal recebida pela bancada evangélica do Congresso Nacional e por páginas bolsonaristas na internet. Depois da repercussão, o próprio Bolsonaro anunciou que havia descartado o nome de Ramos e passou a afirmar que estava considerando a escolha do procurador Guilherme Schelb para a vaga – um conservador apoiado pelo pastor Silas Malafaia –, mas também foi descartado. (pulsar/rba)