O Brasil se mantém como um dos países com maior concentração de terras no mundo e cerca de 200 mil camponeses continuam sem ter uma área para cultivar. As conclusões fazem parte de um balanço realizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) sobre os fatos ocorridos no período de 2011 a 2014, que mostra que nos quatro anos pesquisados aconteceram os piores indicadores em matéria de reforma agrária dos últimos 20 anos.
De acordo com o documento houve uma redução dos números de novos assentamentos rurais ou de titulação de territórios indígenas e de quilombos, sendo que, por outro lado, aumentou o investimento no agronegócio. Segundo a Comissão, no primeiro mandato de Dilma foram assentadas 103 mil 746 famílias, o que seria um dado enganoso, pois 73 por cento delas correspondem a processos que já estavam em andamento antes e haviam sido quantificadas em anos anteriores.
Se forem computadas apenas as novas famílias assentadas em novas áreas, o número cai para 28 mil. Em particular, durante 2014, o governo reconhece ter regularizado apenas seis mil 289 famílias, um número considerado muito baixo pela CPT.
Para a Comissão Pastoral da Terra, a reforma agrária só será efetiva com a criação de novos assentamentos e menor concentração da propriedade rural. Ainda de acordo com a Comissão, o conflito pela terra se intensifica ao vincular-se com a expansão da pecuária e das monoculturas, como soja, cana-de-açúcar, milho e algodão, e onde há um alto componente especulativo no manejo dos grandes latifúndios, com fortes ligações com os políticos. (pulsar/página do mst)