Futuro ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) anunciou nesta terça-feira (30) a fusão dos Ministérios da Agricultura e Meio Ambiente, bem como a criação do “superministério” da Economia, que vai incorporar as atuais pastas da Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio Exterior e Serviços, a ser ocupado pelo economista Paulo Guedes. Os anúncios, porém, já causam as primeiras polêmicas e críticas ao presidente eleito.
O novo gabinete deverá contar com 15 ou 16 ministérios, e 80 por cento desses nomes já estão definidos, mas “por questões estratégicas”, serão revelados “mais para frente”, segundo Gustavo Bebiano, ex-presidente do PSL e braço direito do novo presidente. Eles se reuniram com Bolsonaro no Rio de Janeiro para tratar da formação do novo governo.
A fusão das pastas da Agricultura e do Meio Ambiente representa um novo recuo de Bolsonaro, que chegou a propor a medida e depois voltou atrás após uma onda de críticas de entidades de defesa do meio ambiente, que alertaram para os riscos de submeter as políticas de preservação ambiental aos interesses do agronegócio.
Para a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que reúne entidades ambientais, acadêmicos e representantes do agronegócio, a fusão dos ministérios coloca “em xeque” o equilíbrio necessário para as políticas públicas no setor. “Um órgão regulador não pode estar submetido a um setor regulado, por uma questão de coerência e boa governança”, afirmam em nota.
A candidata derrotada Marina Silva (Rede) também criticou a medida. Segundo ela, “nem bem começou o governo Bolsonaro e o retrocesso anunciado é incalculável”. Pelas redes sociais, ela afirmou que a fusão do Meio Ambiente com a Agricultura representa um “triplo” desastre e inaugura “o tempo da proteção ambiental igual a nada”.
O general Augusto Heleno também já foi confirmado para comandar o ministério da Defesa. Também nesta terça-feira (30), em entrevista à Rede TV, Bolsonaro disse que o astronauta aposentado Marcos Pontes “está quase confirmado” para ocupar o ministério de Ciência e Tecnologia.
Ainda antes do resultado do segundo turno das eleições, Bolsonaro chegou a convidar o deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), um dos líderes da chamada bancada da bala, para “coordenar a bancada do governo”, função atualmente sob responsabilidade da secretaria de Governo, que tem status de ministério, ocupada hoje por Carlos Marum.
Fraga foi condenado, em setembro, a quatro anos de prisão pelo crime de concussão, sob a acusação de ter cobrado e recebido propina de 350 mil reais de empresas de cooperativas de ônibus quando era secretário de Transportes do Distrito Federal. O deputado recorreu da condenação em primeira instância. (pulsar/rba)