Em janeiro 2016, o Brasil atingiu o fundo do poço na representatividade de mulheres em cargos ministeriais. Dos 186 países avaliados pela Organização das Nações Unidas (ONU), a gestão do presidente Michel Temer ficou na posição 167, atrás de todos os países da América Latina e também de nações como a Síria, Somália e Irã.
O ranking é criado a partir da contagem, no dia 1º de janeiro, de quantas mulheres ocupam cargos ministeriais no governo de cada país. No Brasil havia apenas uma, a advogada-geral da União, Grace Mendonça. Assim, segundo a entidade, a representatividade feminina no governo brasileiro ficou em quatro por cento. Só ficamos a frente de países com ministérios totalmente masculinos, como Paquistão e Arábia Saudita.
O relatório da ONU aponta para uma “drástica queda” na representatividade na América Latina, iniciada após as mudanças de governo na Argentina e no Brasil. Em ambos os casos, a presidência era ocupada por mulheres, Cristina Kirchner e Dilma Rousseff.
Em 2014, a representatividade feminina no governo brasileiro era de 25,6 por cento. Em 2015, a taxa caiu para 15,4 por cento até finalmente despencar após o processo de impeachment para quatro por cento. A média mundial é 18,3 por cento. No mundo todo, o número de mulheres no executivo e nos parlamentos estagnou, conseguindo apenas ganhos marginais desde 2015.
A edição de 2017 do Mapa das Mulheres na Política (Women in Politics 2017 Map), divulgado pela ONU Mulheres, alerta para o fato de que o quadro de desigualdade não está mudando com a velocidade necessária. A paridade na representação de homens e mulheres em ministérios foi atingida apenas na Bulgária, França, Nicarágua, Suécia e Canadá.
O relatório destaca que houve, nos cinco países citados como campeões de representatividade, comprometimento real dos governos em tornar o campo político mais igualitário e sensibilidade com as questões de gênero. (pulsar/carta capital)